Thomas e seus amigos – versão corporativa

Este post eu escrevi em 27/06/2011 no meu blog pessoal, o bloGusblog.

Depois que você vira pai a rotina muda radicalmente, principalmente no que diz respeito à televisão e cultura infantil. Você passa a acordar mais cedo, principalmente nos finais de semana, e passa a assistir programas que jamais imaginou assistir antes.

Neste domingo foi assim, quando minha filha resolveu despertar as 6 e pouco da manha e não me restou outra alternativa a não ser ver desenho com ela. Estava começando mais um episódio de “Thomas e seus amigos”, uma série de animação para crianças baseada em na obra “The Railway Series”, uma série de livros criada pelo reverendo Wilbert Aldry. O programa teve sua primeira transmissão em 1984 no Reino Unido e atualmente é exibida no Discovery Kids. O desenho narra histórias, de 4 a 9 minutos, de uma ferrovia situada na fictícia Ilha de Sodor, onde convivem vários meios de transportes falantes, como locomotivas, vagões, ônibus e um helicóptero, e Thomas é o personagem e trenzinho principal.

Confesso que nunca dei muita atenção para este desenho, mas neste domingo a história me prendeu de tal maneira que foi impossível não relacioná-la com a realidade de muitas empresas. Neste episódio (temporada 13, episódio 6), Victor (o trem-chefe da oficina) precisa se afastar da companhia e o “pequeno” Thomas assume seu lugar, e por estar tão feliz em assumir um cargo de responsabilidade, e tão sonhado por ele, ignora as instruções para dirigir a oficina. Quando os trens Spencer, Henry e James chegam para ser consertados para voltarem a transportar mercadorias e passageiros, Thomas não ouve seus problemas e decide agir por conta própria.

Levando este episódio para o mundo corportativo, vemos que Thomas é o Gerente (e em alguns casos o Diretor) de uma empresa que possui clientes antigos e fiéis à sua marca. Spencer, Henry e James são 3 clientes que conhecem seus problemas e suas necessidades e chegaram até a empresa sabendo o que precisavam, mas Thomas estava tão eufórico que ouvir seus clientes deixou de ser prioridade. Ele fez o que queria e não o que era melhor para seus clientes. Delegou as tarefas para seu funcionário enquanto sua cabeça estava a mil por hora no mundo da imaginação, ou seja, sem gerenciamento, sem nenhum tipo de controle, sem prioridades. Não deu outra… a cada tarefa executada pelos funcionários de Thomas, um problemão acontecia, até que a situação ficou totalmente incontrolável e a empresa ficou totalmente perdida. Os próprios clientes tomaram a iniciativa e fizeram com que Thomas os ouvisse para que a situação fosse contornada. Cada um explicou qual era o seu problema e qual solução resolveria. Thomas, humildemente, os ouviu e felizmente tudo se resolveu.

Mas na vida real, infelizmente, nem sempre é assim…

Este pequeno episódio nos mostra que muitos “profissionais” acham que sabem o que é melhor para suas empresas, mas na verdade estão pensando apenas em si mesmos e em seus gráficos, sem a mínima percepção de quem são seus clientes e o que eles desejam e PRECISAM. Muitos destes “profissionais” estão preocupados em criar novos produtos ao invés de resolver PROBLEMAS que afetam brutalmente o dia-a-dia de seus clientes e acabam por manchar o nome de suas empresas.

Alguns líderes deveriam agir como Thomas, ou seja, passar a serem mais humildes e a ouvir seus clientes, para que estes possam voltar para a ferrovia consertados, para que seus clientes sejam transportados de forma segura e as suas mercadorias entregues em perfeitas condições. Enfim, os trens não estão precisando de novos acessórios da moda. Eles apenas querem funcionar corretamente.

Ah… vale lembrar que o cliente também pode ser o seu funcionário.

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