Síndrome do ninho cheio: o que fazer quando os filhos adultos não saem da casa dos pais

Desde a virada do século, por motivos de ordem social e econômica, filhos adultos estão demorando cada vez mais para sair da casa dos pais. Uma pesquisa da Kantar IBOPE Media mostra que a chamada geração canguru, como são conhecidos esses indivíduos, vêm crescendo no Brasil. O número de pessoas entre 25 e 34 anos que ainda moram com os pais aumentou 137% entre 2012 e 2022.

“Muitos pais têm se sentido esgotados pelo fato dos filhos não conseguirem adquirir autonomia na vida adulta e saírem de casa”, alerta Filipe Colombini, psicólogo, orientador parental e fundador da Equipe AT. “A síndrome do ninho cheio, alusão feita em relação ao ‘ninho vazio’, traz um sentimento de frustração para os pais, que sentem que falharam na educação dos filhos, causando, normalmente, bastante incômodo dentro do ambiente familiar”, conclui o psicólogo.

A situação tem gerado conflitos relacionados à imposição de regras e limites e também problemas causados por diferenças geracionais, além de uma embaraçosa dependência financeira. “O prolongamento dessa relação entre pais e filhos na mesma casa traz um estresse parental que pode causar enorme sofrimento, evoluindo para quadros psiquiátricos, como depressão e ansiedade”, explica o especialista.

As causas da “síndrome do ninho cheio” estão relacionadas a muitas variáveis: desenvolvimento atípico; déficits nas habilidades sociais, de atividade de vida diária; dificuldade na formação da responsabilidade e autonomia. “O problema costuma partir de uma relação de codependência, ocasionada por atitudes negligentes ou superprotetoras por parte dos pais, onde os filhos não conseguem crescer e caminhar com as próprias pernas”, conta Colombini.

O psicólogo acrescenta que, em casos de filhos que demoram para sair de casa, é essencial procurar ajuda profissional. “Com o suporte de um psicólogo ou orientador parental, os pais conseguem aprender a gerenciar melhor os próprios sentimentos e também os conflitos em casa, além de tomarem conhecimento sobre técnicas educacionais para ajudar seus filhos a desenvolverem maior autonomia”, diz Filipe Colombini.

Em tempo: o Acompanhamento Terapêutico (AT) é uma linha da psicoterapia onde o atendimento é realizado fora do consultório, o que, justamente por estar presente no dia a dia das famílias, apresenta resultados bastante assertivos e, normalmente, mais amplos do que as terapias convencionais. Por isso mesmo, quando há necessidade de treinamento parental voltado para a questão da síndrome do ninho cheio, o trabalho de AT pode ser altamente recomendável.


Mais sobre Filipe Colombini: psicólogo, fundador e CEO da Equipe AT, empresa com foco em Acompanhamento Terapêutico (AT) e atendimento fora do consultório, que atua em São Paulo (SP) desde 2012. Especialista em orientação parental e atendimento de crianças, jovens e adultos. Especialista em Clínica Analítico-Comportamental. Mestre em Psicologia da Educação pela Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP). Professor do Curso de Acompanhamento Terapêutico do Grupo Interdisciplinar de Estudos de Álcool e Drogas – Instituto de Psiquiatria Hospital das Clínicas (GREA-IPq-HCFMUSP). Professor e Coordenador Acadêmico do Aprimoramento em AT da Equipe AT. Formação em Psicoterapia Baseada em Evidências, Acompanhamento Terapêutico, Terapia Infantil, Desenvolvimento Atípico e Abuso de Substâncias.

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