Augusto Rolim, o Guto, tem oito anos, e é fascinado pela lontra neotropical, desde 2016. O sonho de conhecer o habitat do animal e alimentá-lo finalmente se concretizou com a participação do garoto no Projeto Lontra.
Em 2016, quando tinha seis anos, Augusto Rolim, carinhosamente chamado de Guto, foi levado pela tia ao aquário da cidade onde mora, em São Paulo. Lá, viu pela primeira vez diversos animais selvagens, entre os quais, a lontra neotropical. Guto encantou-se pela espécie e, desde então, seu maior sonho passou a ser encontrar a lontra mais de perto, conhecer seu habitat, interagir com ela e alimentá-la. Passados três anos, o desejo de Guto finalmente se concretizou graças ao Projeto Lontra, que tem como objetivo a recuperação e a conservação da lontra neotropical.
A criança de oito anos visitou há alguns dias, com os pais, a sede do Projeto Lontra, situado na cidade de Florianópolis, Santa Catarina. Guto atuou como ecovoluntário mirim e, orientado por equipe, ajudou na preparação dos alimentos das lontras Bella, Boni, Nanã e Iru. Ficou entusiasmado porque um dos animais tem o mesmo apelido de seu melhor amigo, Luck. Adorou mais anda quando uma das lontras, Piatã, brincou na sua frente, dando uma cambalhota. “São animais encantadores, espertos e muito carismáticos”, conta Carolina Quevedo, mãe de Guto.
Guto nasceu e cresceu em uma casa repleta de bichinhos de estimação. Sua mãe relata que a família tem 21 animais no momento. Só cachorros são 18: seis que vivem na casa da sogra; oito em um sítio no interior; quatro em São Paulo. Estes dividem espaço com mais três gatinhas. Todos foram resgatados das ruas. “Guto cresceu observando meu amor pelos animais e esse sentimento floresceu nele também”, diz Carolina.
Ou seja, não é de se estranhar ter se fascinado pela lontra quando visitou o Aquário. Gostou tanto que não pôde sair de lá sem o animal ao lado, mesmo que na versão bicho de pelúcia. Guto levou o souvenir para a escola, dividindo sua nova paixão com amigos e professores. Carolina conta que o filho adora pesquisar sobre a lontra neotropical, sendo estimulado em seu interesse pelos professores, que sempre que encontram alguma informação sobre a espécie levam até ele.
Segundo Carolina, a ideia de levar Guto para conhecer a lontra mais de perto surgiu no ano passado, quando a família foi até à Bahia visitar as tartarugas do Projeto Tamar. “Ele gostou muito. Pensei que talvez houvesse algum lugar perecido, só que com lontras”, relata. Os pais de Guto passaram a buscar informações na internet. Evandro Rolim de Souza, o pai do menino, encontrou algo sobre os animais no estado do Mato Grosso, mas Guto rapidamente detectou que nessa região vivem as ariranhas e não as lontras. Com oito anos, já sabe tudo sobre a espécie. Desfeito o engano, a família finalmente encontrou o Projeto Lontra.
Em março deste ano, Carolina entrou em contato com o Projeto e contou a um membro da equipe sobre o amor do filho pelas lontras. Foi avisada sobre a possibilidade do garoto se tornar um ecovoluntário mirim. O sonho de Guto estava prestes a se realizar. A participação do garoto no Projeto Lontra foi finalmente marcada, mas Carolina não contou ao filho, porque desejava surpreendê-lo. “Como estamos sempre viajando, ele não percebeu nada. Achou que iríamos à praia, a qual ama também”, diz.
Quando chegaram à pousada, em Florianópolis, e Guto tomou ciência de que iria conhecer as lontras de perto, emocionou-se bastante, chegando até a chorar. Ele atuou como ecovoluntário mirim. No primeiro dia, Guto e os pais assistiram a um vídeo sobre o projeto e as lontras, conheceram as instalações e foram apresentados a cada animal. Além das lontras, o menino preparou as refeições das iraras, dos furões e do guaxinim, que também vivem no refúgio animal do projeto. “Ele ficou muito empolgado. Até escondeu os alimentos nos recintos”, narra a mãe.
Quando estavam no projeto, a família ficou sabendo das lontras tinham nascido recentemente: um macho e uma fêmea, filhotes do casal de lontras Boni e Nana. Contudo, como ainda eram muito novinhos, e ainda precisam de cuidados especiais, Guto não pôde conhecê-los. “Quem sabe um dia ele realiza mais esse sonho?”, indaga Carolina. A paixão de Guto pela lontra, obviamente, continua.
Projeto Lontra
Idealizado pelo IEB há 30 anos, o Projeto Lontra tem como tripé de sustentação: conservação ambiental, pesquisa e sustentabilidade. Além da lontra neotropical (Lontra longicaudius), a iniciativa busca a recuperação e a conservação da ariranha (Pteronura brasiliensis). Desde 2010, o projeto conta com patrocínio da Petrobras, realizado por meio do Programa Petrobras Socioambiental.
Com base principal em Florianópolis, no Estado de Santa Catarina, onde realiza estudos no bioma Mata Atlântica, o projeto ampliou seu escopo de atuação, em 2013, instituindo uma base na cidade de Aquidauana, Mato Grosso do Sul, para implementar pesquisas no bioma Pantanal. Em sua fase mais recente, o projeto vem atuando na Área de Proteção Ambiental da Baleia Franca (APABF), localizada no centro sul do litoral de Santa Catarina.
Turismo de conservação
Uma das importantes ferramentas utilizadas pelo Projeto Lontra para alcançar seus objetivos é o turismo de conservação. Conforme a presidente do IEB, Alessandra Bez Birolo, o objetivo desse tipo de turismo é proporcionar a participação ativa do turista em ações voltadas para a conservação da biodiversidade, envolvendo a comunidade do entorno, além da aplicar técnicas de educação ambiental voltadas à mobilização social.
No caso específico do Projeto Lontra, como se trata de uma inciativa realizada por uma Organização Não-Governamental (ONG), as pessoas que costumam participar são chamadas ecovoluntárias. Basicamente, elas auxiliam em todas as ações relacionadas às pesquisas sobre os animais que estiveram sendo desenvolvidas no momento, desde alimentação e estudo do comportamento dos animais em cativeiro até observação e coleta de dados, em saídas a campo.
Sobre o Instituto Ekko Brasil (IEB)
Criado em 2004, em Santa Catarina, o Instituto Ekko Brasil (IEB) é uma organização não governamental cujo objetivo é coordenar e apoiar projetos que tenham como foco a conservação da biodiversidade e o turismo de conservação. O IEB atua através da pesquisa e da mobilização social, como forma de contribuir para a melhoria da qualidade de vida das comunidades, deixando um legado positivo às gerações futuras
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