O desafio de trocar de escola

Trocar de escola no meio do ano envolve algo além da parte pedagógica e dos valores da nova instituição. Especialistas alertam para os custos de novos materiais, uniforme e atividades extraclasse.

Afastados da correria cotidiana do ambiente escolar, alguns país aproveitam as férias de julho para mais um dever frente à educação dos filhos. É o momento de avaliar se a vida estudantil dos pequenos flui de modo desejado ou não. Nesse contexto, é comum se questionar se aquela escola em que empregaram sua confiança no início do ano está realmente suprindo as expectativas. Caso contrário, é hora de mudança. A dificuldade é grande.

Para os pais, a mudança pode significar que falharam na primeira escolha. Para que interpretações como esta não atrapalhem, o primeiro passo é dialogar com os filhos; procurar entender quais são as reais causas da necessidade de ingressar em uma nova instituição no meio do ciclo anual. Nota insuficiente, na maioria das vezes, é o que guia essa decisão; além disso, a questão social, econômica e cultural também tem grande relevância.

“O custo da escola envolve, além da mensalidade, os materiais, uniforme e atividades extraclasse”, expõe a psicóloga Maria Rocha, diretora pedagoga do Colégio Ápice. “Os pais terão condições financeiras de arcar com tudo isso?” A proposta pedagógica é outro aspecto ao qual muitos se apegam fortemente.

A psicopedagoga e diretora do Colégio Global, Eliana de Barros, destaca alguns fatores essenciais que devem estar inclusos na avaliação. Como a doutrina e os valores escolares e a postura e métodos frente à inclusão social e àqueles que carecem de um atendimento mais aprofundado – alunos indisciplinados, por exemplo. “Todas estas questões são indícios de que a escola não está somente preocupada em conteúdos, mas além deles, mostra um envolvimento com a formação do aluno como cidadão”, explica Eliana.

A infraestrutura do colégio também deve ser levada em conta. Conhecer o ambiente em que o filho está inserido, interna e externamente – o movimento das ruas e do bairro, por exemplo – é fundamental. A segurança é bastante questionada atualmente e tem se tornado um dos motivos para o desejo da transferência. Na cansativa corrida rotineira dos pais, o fácil acesso a instituição, assim como o transporte público, podem ser decisivos na escolha.

A opinião dos filhos também deve ser levada em consideração. Para Eliana de Barros, “os pais devem considerar os argumentos palpáveis do filho e não os anseios supérfluos. Ex: ‘quero estudar lá, porque meu amigo diz que é legal e tem umas gatinhas da hora’ ou ‘porque lá tem um time de futsal que joga muito’”. Maria Rocha é mais taxativa, sobretudo com os pequenos. “Neste caso, quem tem capacidade e discernimento para escolher a escola são os pais”, diz ela.

O diálogo é muito importante, principalmente quando referente à adaptação dos filhos ao novo ambiente. A transferência se detém aos estudantes e não a tudo que construíram na antiga escola. Surge um novo ambiente, com novas pessoas, novos professores e novos métodos e regras. A diferença existe; e cabe a família e a nova escola ajudarem na integração.

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