por Breno Rosostolato – Aquela birra típica de crianças pequenas que não gostam de ser contrariadas, agressividade, e um comportamento desafiador ou o comportamento agressivo e contestador de alguns adolescentes, pode denunciar algo para além de uma simples desobediência ou uma violência gratuita. Talvez seu filho tenha o Transtorno desafiador Opositivo.
A característica do Transtorno Desafiador Opositivo é um comportamento negativista, desafiador, desobediente e hostil para com figuras de autoridade, pais ou cuidadores. Algumas características são bastante evidentes como, perder a paciência, discutir com adultos, desafiar ativamente ou recusar-se a obedecer a solicitações ou regras dos adultos.
Os sintomas negativos estão relacionados à raiva e a uma atitude agressiva e hostil. Comportamento argumentativo, provocação e desobediência, ficar facilmente irritadiço, temperamento forte e descontrole, colocação indevida de culpa nos outros sem assumir ou se esquivando de responsabilidades e por fim, sentimento vingativo. É importante que estes sintomas persistam por mais de seis meses para que possa se enquadrar ao Transtorno desafiador Opositivo.
São comuns os casos de crianças e adolescentes acometidas do transtorno testarem os limites do adulto através da teimosia, ignorando ordens e regras, discutindo e contrariando de maneira deliberada, apenas com o propósito de irritar. Geralmente esta atitude destrutiva é projetado à pessoas conhecidas, ou seja, outras pessoas que não fazem parte do círculo de convivência da criança ou do adolescente não identificam este comportamento agressivo com facilidade. Os ambientes em que o transtorno pode se manifestar são os mais diversos, como em casa e na escola.
Na escola, por exemplo, a pessoa pode apresentar alta atividade motora, baixa autoestima, instabilidade do humor, baixa tolerância à frustração e uso precoce de álcool, tabaco ou drogas ilícitas. Casos de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) podem coexistir ao Transtorno Desafiados Opositivo (TDO). Existem, frequentemente, conflitos com os pais, professores e colegas.
Quanto aos pais especificamente, o comportamento destrutivo do filho pode ser uma reprodução do que a criança ou o adolescente vivencia em casa. Uma rivalidade com os pais em que cada um aguça no outro aspectos ruins. Esta violência emocional é o principal fator de uma personalidade desorganizada e opositora, pois a criança não reconhece o limite de quem deveria dar este limite. Muitos pais enxergam na escola a possibilidade de ficar longe do filho o máximo que puder, analogamente, como se estivessem livrando-se de um problema ou estorvo. Outros pais atribuem à escola a responsabilidade que deveria ser deles de orientar e serem referência para este filho. A escola ensina, mas a educação deve acontecer em casa e o carinho dos pais é imprescindível para que esta criança não se sinta abandonada e daí, vir a desenvolver comportamentos mais violentos e agressivos.
Os sintomas em geral do TDO são similares em ambos os gêneros, todavia, os homens podem apresentar mais comportamentos de confronto e sintomas mais persistentes. As taxas de Transtorno Desafiador Opositivo são de 2 a 16% da população em idade escolar. Em geral o transtorno manifesta-se antes dos 8 anos de idade e pode vir a se agravar no início da adolescência.
Embora não existam causas especificas do TDO, os recentes estudos sugerem que o transtorno parece ser mais comum em famílias nas quais pelo menos um dos pais apresenta questões psiquiátricas como transtorno do humor, transtorno da conduta ou transtorno da personalidade anti-social, além de histórico de uso de drogas. Outro caso comum são crianças que sofrem alienação parental, ou seja, o casal em processo de separação e divórcio, para afetar o ex-cônjuge, usam a criança como arma ou escudo.
É muito importante para o tratamento a participação de toda a família, uma vez que a orientação deve servir para todos e para que assim a família se sinta integrada e unida. É preciso reestabelecer o carinho, o amor e o diálogo entre pais e filhos. Para tal, a terapia familiar vai proporcionar um trabalho em grupo, reorganizando a unidade familiar, afinando a comunicação e os elos afetivos dos integrantes desta família. A terapia individual se faz necessária no sentido de acolher as questões pessoais da criança ou do adolescente, dificuldades, anseios e conflitos oriundos do TDO, tendo em vista o resgate iminente dos próprios limites, o reconhecimento dos excessos e exageros, canalizando esta energia demasiada em atitudes positivas e construtivas.
Breno Rosostolato é psicólogo clínico, terapeuta sexual e professor da Faculdade Santa Marcelina – FASM
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