Dias atrás, após uma reunião de pais em um grupo que eu e a patroa participamos, começamos a conversar sobre que futuro queremos dar para as nossas pequenas. Nós dois somos de uma geração que tiveram avós fugidos e sobreviventes da guerra e somos filhos de pais que tiveram que ralar muito para ser alguém na vida.
Pessoalmente eu vim de uma família aonde fui educado para ser alguém na vida, mas a felicidade nem sempre estava em primeiro lugar. Obvio que fui uma criança feliz, brinquei na rua, andei de skate, como qualquer outra criança, mas sempre colocaram na minha cabeça que ser um economista era muito melhor que ser publicitário, ou que ser um bom administrador era muito melhor que fazer faculdade de música. Testes vocacionais? Besteira…
Como resultado, sempre acabei levando minhas “aptidões” artísticas em paralelo ao meu dia-a-dia profissional. Ou seja, de dia trabalhava e a noite ia pro estúdio. Uma coisa legal é que meus pais, apesar de acharem que a carreira era importante, nunca deixaram de incentivar o meu lado criativo. Nunca se recusaram a comprar um instrumento musical, materiais de arte, etc. Talvez seja por isso que meus 2 lados do cérebro continuam funcionando perfeitamente.
Voltando ao tema principal deste post…
A conversa com a patroa acabou caindo no tema “Educar nossas filhas para ser alguém na vida X Educar para ser feliz?” e lembrei de um artigo do Bob Wollheim que fala um pouco sobre isso…
Minhas opções profissionais eram funcionais (ofícios) e não baseadas em talentos. E fui criado para ser alguém na vida e não ser feliz na vida! A Geração Y é a geração da opção. Cresceram com todas as opções de vida abertas a eles. Querem ser felizes. Sentem que o planeta precisa de ajuda. Gostam da coisa coletiva e têm a web que lhes abre o mundo.Vai dizer que tudo isso não é incrível? É!
Nossa preocupação é que não queremos nossas crianças em uma escola aonde a única coisa ensinada é a competição interna. Uma criança que esteja preocupada em estar entre os 5 primeiros da turma de matemática ou que seja doutrinada a entrar numa USP ou FGV. Uma escola que passe 30 páginas de lições de física a cada semana. A competição é importante? Muito! A vida nos ensina isso. Mas não queremos uma competidora, queremos um ser humano com emoções, que saiba ganhar e perder, que saiba conquistar as coisas que deseja e valorizar as que conquistou, que possar escolher a carreira que desejar seguir, desde que a faça feliz e que tenha a chance de recomeçar quando quiser se perceber que aquele não foi o caminho correto.
Felizmente eu e a patroa estamos (sempre) de acordo! :-)
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