Crianças em tratamento contra o câncer não podem tomar vacina de febre amarela

  • 19/01/2018
  • ETC

A alternativa para combater a doença é o uso de repelentes e roupas adequadas, além de cuidados com o ambiente

Em meio ao surto preocupante de febre amarela que ocorre no Brasil, a população lota os postos de saúde em busca de vacinação. Entretanto, a oncologista pediátrica e membro da Sociedade Brasileira de Oncologia Pediátrica (SOBOPE), Alayde Vieira, faz um importante alerta: a vacina para febre amarela é contraindicada para crianças em tratamento oncológico. “Crianças menores de seis meses não podem ser vacinadas, assim como crianças que estão em tratamento contra o câncer e pacientes transplantados, já que se tornam imunodeprimidos por conta dos medicamentos usados no tratamento”, afirma.

Modalidades de tratamento utilizados na oncologia pediátrica como a quimioterapia e radioterapia impedem a vacinação, principalmente por conta da queda na imunidade e na incapacidade de produzir anticorpos. No caso da vacina da febre amarela os efeitos colaterais quando feitos em pessoas imunodeprimidas são muitos severos com risco de complicações graves e fatais.

Uma das alternativas para protegê-los é utilizar repelentes. A oncologista orienta que em crianças a partir dos seis meses de idade, é recomendado repelentes com o composto químico IR3535. Porém, por serem um pouco mais fracos, os estudos diferem quanto à sua eficácia contra o Aedes aegypti, transmissor da febre amarela. Acima dos dois anos de idade, os repelentes com DEET (dietiltoloamida) e Icaridina são os mais utilizados. A especialista alerta, porém, que o uso deve ser moderado e é preciso ficar atento à concentração desses produtos e tempo de repetir aplicação.

Outras formas de proteção

Alayde explica que repelentes nunca devem ser usados em associação com hidratantes e protetores solares, pois diminuem sua eficácia e podem causar alergias – principalmente nas crianças oncológicas, por conta da hipersensibilidade. “É importante evitar o uso do produto nas mãos, pois a criança pode levar à boca, olhos ou nariz e causar alguma intoxicação”, reforça.

Outra alternativa são os repelentes naturais, como o óleo de citronela, andiroba e capim-limão – estes, porém, protegem a criança por menos tempo por serem altamente voláteis. O repelente líquido de tomada também ajuda a afastar os mosquitos, mas deve ser colocado em locais fora do alcance de crianças.

“Também é necessário pensar em reforços para essa prevenção, como colocar telas nas janelas, utilizar roupas com mangas e calças compridas, manter as janelas fechadas no período da manhã e final da tarde, evitar água parada e manter o ambiente sempre limpo para evitar que surjam criadouros de mosquitos”, comenta.

Caso a criança apresente qualquer sintoma de febre amarela, como febre, dor de cabeça, dores musculares, náuseas ou olhos avermelhados, ela precisa imediatamente ser encaminhada à unidade de pronto atendimento do serviço de oncologia que frequenta. Tendo a confirmação da doença, ela terá que ser hospitalizada e monitorada, já que não existe medicação específica para a doença. “A febre amarela já é uma doença difícil de ser tratada, mas com pacientes oncológicos é necessário ter um cuidado a mais, por isso precisamos focar na prevenção e evitar a proliferação do mosquito transmissor”, conclui.

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