5 texturas de alimentos mais desafiadoras para crianças com dificuldades alimentares

Profissional ensina técnicas essenciais para a introdução dos alimentos

A fase da introdução alimentar é um desafio para a maioria dos pais. Além da preocupação com a qualidade da alimentação da criança, o estresse causado pela resistência da criança, somados a falta de informação dos pais tornam essa fase difícil e se os pais negligenciarem a seletividade e a recusa da criança no momento da refeição, os filhos podem sofrer posteriormente com problemas de saúde e até comportamentais.

A introdução deve ser feita de forma gradual, incorporando os alimentos a medida em que a criança vai se habituando com a transição da ingestão de leite materno para alimentos sólidos e pastosos. Segundo Carla Deliberato, fonoaudióloga dedicada ao tratamento da recusa e seletividade alimentar em crianças de 06 meses a 12 anos, o período requer paciência e inteligência para encontrar maneiras agradáveis da criança entrar em contato com o alimento e aceita-lo naturalmente.

Por essa razão a profissional listou os alimentos mais desafiadores para as crianças que apresentam desafios sensoriais, que cursam com seletividade alimentar e sugere estratégias para introduzi-los no cardápio da criança.

Alimentos com texturas fibrosas – Embora sejam essenciais para a digestão e funcionamento do corpo, a percepção da quantidade líquidos, gorduras, umidade em relação a outros alimentos pode gerar desconforto para a criança, por essa razão, Carla sugere que eles sejam introduzidos de forma gradual e combinados com texturas já conhecidas pela criança. A dica é picá-los em tamanhos menores. Se forem frutas como manga, melancia ou melão, pode ser servido primeiro mais raspados. Depois, podem ser servidos em pedaços bem pequenos e combinados com outras frutas já aceitas. É possível também ofertar em forma de suco até a que criança se acostume com a textura fibrosa da fruta na boca, o que deve ser algo temporário. Já as carnes, inicialmente elas podem ser ofertadas mais processadas (ex: hamburguinho caseiros ou almôndegas) e posteriormente podem ser ofertadas bem cozidas e em pedaços bem pequenos, pois isso facilita a aceitação da textura na boca da criança e também contribuiu para o aprendizado gradual da mastigação.

Alimentos duros – Da mesma maneira que alimentos fibrosos criam sensações diferentes na boca, os mais secos e duros como torradas, alguns tipos de carnes e frangos grelhados devem ser servidos em pequenas quantidades, bem picados, sempre respeitando o tempo para a mastigação deles. Além disso, podem ser oferecidos com diferentes preparos e combinados com outras texturas.

Grãos – Por serem uma textura que espalha em torno de toda cavidade oral, a criança tem mais dificuldade de organizar dentro da boca, por isso, requer mais paciência enquanto a criança reconhece e mastiga. Também devem estar bem cozidos e podem ser ofertados em forma de bolinhos, por exemplo. A estratégia de amassar um pouco pode facilitar a introdução, até que desenvolvam o paladar também; entretanto, vale considerar que o amassar deve ser uma estratégia que precisa ser passageira.

Alimentos com pouco tempero, sem sabor marcante – Pois é, muitos pais acreditam que as refeições preparadas para crianças não devem ser temperadas. Temperos industrializados possuem uma quantidade grande de sódio e conservantes que, de fato, não são saudáveis, mas os temperos naturais garantem sabor e aroma. O ser humano é muito ligado ao olfato e pode reconhecer algo apenas pelo cheiro. Comida sem sabor não é atrativa e ainda pode criar rejeição do alimento na criança. Na medida certa, é saudável e importantíssimo para desenvolver o paladar.

Alimentos pegajosos – Assim que é liberado pelo pediatra a introdução de alimentos, é muito importante que a criança consiga reconhecer o que é liquido e sólido. Purês de legumes, sopas cremosas são nutritivos, mas não devem ser únicos na refeição, precisam estar combinados com texturas diferentes para estimular a mastigação, caso contrário a criança pode desenvolver “preguiça” de mastigar e prejudicar a introdução de outros alimentos. É importante ressaltar que deve-se evitar bater os alimentos até que fiquem completamente pastosos, o ideal é que sejam amassados com um garfo e aos poucos deixando os alimentos em pedaços.

Carla também alerta sobre a importância da criança se envolver e ser estimulada a tocar na comida. Tudo deve ser uma descoberta agradável, independente se vão gostar do alimento ou não. O importante é as crianças estarem dispostas a interagirem com os alimentos, seja manipulando, provando, cheirando, lambendo ou mordendo. É isso que desenvolverá o paladar dela e contribuirá para o aprendizado alimentar da criança.

A introdução alimentar é um momento muito especial entre pais e filhos e criam conexões incríveis, desde o preparo, até o momento da refeição, por isso é importante incluir as crianças em todos os processos, pois além da familiaridade que a criança cria com o alimento, também reserva momentos incríveis e afetuosos.

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